Bruniña (35), mulher trans/travesti, assumiu a identidade da falecida mãe Lenita para não frustrar a ilusão de sua querida vó Blanca, desde que a reencontrou sozinha e em declínio senil, após dez anos vivendo em Montevideo (Uruguai), onde transicionou de gênero. Há cinco anos, as duas vivem sob memórias trêmulas em uma casa anacrônica de Jaguarão/RS, onde a dinâmica familiar foi assimilada aos poucos pela comunidade, fazendo ressurgir afetos do passado de Lenita no presente de Bruniña, que vai semanalmente a Montevideo fazer shows performáticos com suas drag queens oitentistas, criadas com as roupas datadas da mãe. Ao criar laços com a forasteira Brunão, o equilíbrio temporal das relações e identidades se abala, mas a cumplicidade se faz ponte com toda a sua ambivalência: um elo que as une e torna possível travessias – entre abandonos e encontros, do luto à reconstrução -, e Bruniña é levada a confrontar o passado que habita. Nesta fronteira, o que se revela é uma passagem íntima por memórias e transformações [numa mulher / numa quimera lendária], onde o afeto e a coragem de se reconhecer e assumir tornam-se a base para um novo futuro possível.
Bruniña (35), mujer trans/travesti, asumió la identidad de su madre fallecida, Lenita, para no frustrar la ilusión de su querida abuela Blanca, desde que la reencontró sola y en declive senil, tras diez años viviendo en Montevideo/UY, donde realizó su transición de género. Desde hace cinco años, ambas conviven entre memorias temblorosas en una casa anacrónica de Jaguarão/RS, onde a dinâmica familiar foi pouco a pouco assimilada por la comunidad, fazendo ressurgir afetos do passado de Lenita no presente de Bruniña, quien viaja semanalmente a Montevideo para realizar shows performáticos com suas drag queens de los ochenta, creadas com as ropas anticuadas de su madre. Al estrechar lazos con la forastera Brunão, el frágil equilibrio temporal de las relaciones e identidades se sacude, pero la complicidad se convierte en puente con toda su ambivalência: un lazo que las une y hace posibles travessias – entre abandonos y encuentros, del duelo a la reconstrução -, llevando a Bruniña a confrontar el passado que habita. En esta frontera, lo que se revela es un pasaje íntimo por memorias y transformaciones [en una mujer / en una quimera legendaria], donde el afecto y el coraje de reconocerse y asumirse se tornam la base de un nuevo futuro posible.

